quinta-feira, 8 de julho de 2010

Eliza

Morre uma mulher
Morre um pedaço de cada uma de nós
Morre um pedaço das nossas conquistas ao longo dos tempos
Vive uma centelha que reacende e reafirma o machismo
Mostra como ainda está mais latente do que pensamos
Ela é uma de nós
Poderia ser sua filha, sua irmã, sua mãe, sua amiga
Hoje, é só mais uma ferida
Uma ferida aberta na história de cada uma de nós
Não deixemos que o machismo atenue a atrocidade desse crime
Não fechemos nossos olhos diante disso que equivocadamente chamam desumano
É humano! Nenhum animal cometeria tamanha crueldade!
Só humanos extirpam clitóris, abortam, matam por nada.
Ele não é o coitado, não é doente, não foi enganado. Ele ri.
Essa mulher não merece as palavras que sobre ela são ditas
Nada que tenha feito justifica o que recebeu.
Era mulher, mãe e filha.
Hoje é vítima.
Do machismo,
Da certeza da impunidade
Do desprezo total às leis humanas e de Deus.
Vá em paz.
Se é que isso é possível.


Elis Motta